quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Tiro No Escuro




Acordando de um doce pesadelo, fui perscrutando a penúmbra que irradiava de negro tudo que abraçava. Privado das cegas cores, nada mais podia fazer do que atirar-me de olhos vendados e de mente esperançada. Na verdade, não havia qualquer esperança. Não havia a mínima dúvida que mergulharia bem fundo na dimensão do sofrimento gélido. Apesar de ciente da verdade que teimava em recusar acreditar na minha aceitação, atirei-me... A dor não tardou a penetrar-me, no entanto não me perturbou tanto quanto a impassividade de nada fazer e de por momentos me achar e sentir invulnerável, impenetrável... Esperançosamente cego...

2 comentários:

Rita disse...

A lucidez premiu o gatilho? É o que acontece quando o manto é levantado e descobertas as curvas do quadrado. Resta saber se vale a pena a precipitação do sangue, em troca do afastamento da inércia.

(O sentimento jamais poderá ser tirado, as palavras...Essas ter-me-ás que dizer tu se são as mesmas desaparecidas de tua boca.)

João Rodrigo disse...

às vezes apetece...